Há quase 9 anos surgiu a ideia da criação do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBOVESPA, que se concretizou com o seu lançamento em novembro de 2005. A cada ano, o índice se confirma como importante fator de indução das empresas em busca de um modelo de negócios que contribua com o desenvolvimento sustentável.
Em 2010, quando foram definidos os objetivos estratégicos do ISE para um horizonte de cinco anos, o Conselho Deliberativo do ISE (CISE), a BM&FBOVESPA e o GVces se comprometeram, entre outros, a trabalhar para aumentar o número de empresas participantes no processo, incrementar o volume de recursos investidos e produtos vinculados ao índice, e torná-lo um benchmark de investimentos sustentáveis e responsáveis. Esses objetivos foram definidos a partir de uma série de diálogos realizados com os principais stakeholders do índice e, para alcançá-los, a BM&FBOVESPA encomendou este estudo, a fim de ampliar a participação das empresas e aumentar o engajamento dos investidores.
Neste percurso, torna-se cada vez mais claro para as empresas o benefício de ser parte deste processo. O ISE destaca-se dentre seus pares por ter um processo coletivo de aperfeiçoamento da sua principal ferramenta de avaliação das empresas, que é o questionário-base, seja por meio da consulta e audiência pública, das oficinas e outras formas de aprimoramento e revisão do questionário. Esse processo confere legitimidade à metodologia adotada, além de refletir melhor as demandas da sociedade em relação à sustentabilidade empresarial.
Na perspectiva das empresas, o valor de participar de iniciativas voluntárias em sustentabilidade é percebido por meio dos ganhos intangíveis que essas experiências proporcionam, como reputação e compartilhamento de experiências na comunidade empresarial, ou por ganhos tangíveis, ainda pouco conhecidos, mas já abordados em estudos que consideram o valor de mercado, a relação entre desempenho financeiro e desempenho socioambiental ou reações do mercado financeiro às ações das companhias “mais sustentáveis”.
Uma vez convencidos de que as empresas que participam do processo do ISE estão na vanguarda no tratamento da complexa temática da sustentabilidade, sentimos a necessidade de fortalecer a participação de um ator-chave neste cenário: o investidor, seja ele institucional ou de varejo.
Para os investidores, a sustentabilidade representa uma oportunidade, na medida em que o mercado de Investimento Sustentável e Responsável (ISR) segue sua trajetória de expansão e comprova a demanda por empresas cujas atividades possam se sustentar no longo prazo, com ganhos ambientais, sociais e econômicos. 5 O Valor do ISE – Principais estudos e a perspectiva dos investidores.
Notamos que ainda há um longo caminho a ser percorrido para fortalecer e consolidar os mecanismos de mercado que podem viabilizar a nova economia. Para isso, apostamos no engajamento e aproximação com investidores institucionais, para auxiliá-los a cumprir uma agenda já inaugurada por iniciativas internacionais, já consolidadas, como o Principles for Responsible Investment (PRI), ou em construção, como o Global Initiative for Sustainability Ratings (GISR).
Este estudo foi elaborado com o objetivo de reunir as principais linhas de pesquisa que buscam identificar e traduzir o valor em participar de iniciativas como o ISE. Ele está estruturado em três grandes frentes. Na primeira, fizemos um levantamento e reunimos as principais informações sobre as tendências do ISR nos dois maiores nichos deste mercado: Europa e Estados Unidos, além dos resultados de uma pesquisa do MIT realizada com executivos sobre o valor da sustentabilidade no mercado atual. Em seguida, fizemos um levantamento, não exaustivo, de estudos acadêmicos que procuram identificar os ganhos intangíveis e tangíveis adquiridos pelas empresas por meio da participação no ISE ou em iniciativas correlatas. Por fim, apresentamos os resultados de uma pesquisa realizada com importantes fundos de pensão brasileiros, que teve como objetivo investigar o grau de conhecimento sobre o ISE e como este poderia ser utilizado em seu processo de análise e tomada de decisão.
Não temos certeza sobre o rumo que o mundo e a economia irão tomar no futuro, mas é certo que eles serão diferentes de hoje e que empresas e investidores que se prepararem para este futuro serão beneficiados. Ainda há um longo caminho a ser percorrido e esperamos contribuir com a construção desta estrada, que é o desenvolvimento sustentável.
Boa leitura!
Roberta Simonetti
Coordenadora Executiva do ISE
Centro de estudos em Sustentabilidade da EAESP-FGV (GVces)
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