É sabido que as bolsas de valores são estruturas-chave que dão suporte ao mercado financeiro, contribuindo sobremaneira para o desenvolvimento econômico do país. Assim, a missão de atender as demandas do mercado, moldando seus processos e serviços às necessidades dos investidores e empresas, poderia ser suficiente para esses importantes provedores de serviços. No entanto, com a adesão ao Pacto Global em 2005, a B3, que já tinha a governança como foco, deixou mais evidente também a importância da dimensão socioambiental nas empresas. Sinalizava, portanto, que a sustentabilidade não se prestava apenas a melhorar as condições da sociedade e do meio ambiente, mas também contribuía para adicionar valor de longo prazo às empresas e acionistas.
Assim, quando o mercado ainda não falava em ASG, a B3 já se posicionava como indutora do investimento responsável no Brasil, incentivando a transparência nas corporações e criando benchmarks que se tornaram base para a oferta de produtos financeiros sustentáveis. Mais do que uma signatária do PRI – Princípios para o Investimento Responsável, a B3 tem sido desde 2010 uma parceira importante na promoção desses princípios, incentivando a incorporação das questões ASG pelos investidores e empresas, bem como a prática do stewardship e do disclosure das informações ASG.
A versão 2022 do Guia B3 Sustentabilidade e Gestão ASG nas Empresas: Como começar, quem envolver e o que priorizar é mais uma demonstração do compromisso da B3 com a prática do investimento responsável e com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Apesar de ser direcionado a empresas, o Guia também aborda a evolução das finanças sustentáveis de forma didática, destacando o papel do investidor responsável. Adicionalmente, o documento destaca os avanços e desafios das organizações internacionais para se criar um padrão global de divulgação do desempenho relacionado à sustentabilidade – o ISSB, bem como as iniciativas de taxonomia, fundamentais para o combate ao greenwashing.
Por fim, nos 14 passos rumo à sustentabilidade, o Guia apresenta as melhores práticas de gestão das questões ASG nas empresas, preconizando a abordagem
estratégica da sustentabilidade, de forma transversal a todos os processos e levando em conta os demais stakeholders que integram a cadeia de valor da
empresa. Valendo-se de sua posição privilegiada, de elo entre investidores e empresas, a B3 gerou uma versão de alcance amplo do Guia, que se utiliza de ótimas referências, e que permite a aplicação dos conceitos sobre ASG e sustentabilidade de forma prática. Ao mesmo tempo, a B3 desenvolveu um referencial teórico robusto, que obviamente não se esgota, mas é importante para embasar revisões futuras, num tema que está em constante evolução.
Ótima leitura!
Marcelo Seraphim
PRI Brasil
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